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sexta-feira, 6 de julho de 2012

O espetacular Homem-Aranha - crítica


O Espetacular Homem-Aranha - poster nacional
Após o desligamento de Sam Raimi e Tobey Maguire da série na última década, a Sony Pictures decidiu “rebobinar” a franquia do Homem-Aranha, reiniciando a história a partir da origem do personagem com uma roupagem diferente. Sob o comando de Marc Webb, do excelente (500) Dias com Ela, o maior desafio do longa e da Marvel era desvincular-se dos filmes de Raimi, sem banalizar um de seus ícones mais proeminentes. Considerando a proximidade entre os projetos e o alto nível alcançado por outros filmes recentes de herói, O Espetacular Homem-Aranha é bem-sucedido, principalmente em reconquistar o interesse para que novos filmes sejam feitos.
Não havia necessidade de nos explicar novamente a origem do herói. No entanto, o filme acrescenta alguns detalhes que elucidam com mais eficácia a escolha de Peter Parker em criar o Homem-Aranha. Introduzindo novos fatos, conhecemos o background da família Parker, e a relevância que seu pai teve na ciência; o drama do Dr. Curt Connors, e sua transformação no Lagarto, vilão do filme; a substituição de Mary Jane por Gwen Stacy (Emma Stone), como o novo affair do herói. Trata-se muito mais de um reboot que um mero remake.
Desta vez Peter é vivido por Andrew Garfield (o Eduardo Saverin em A Rede Social). Com um físico bem mais esbelto, a aposta foi deixar o Aranha com um ar de “moleque”. Peter também sofreu algumas mudanças de personalidade. Esperto e reservado, com um skate a tiracolo, o garoto podia perfeitamente ter saído de um filme de Gus van Sant. Ele também é bem dotado mentalmente, e após conhecer algumas de suas invenções, fica fácil entender seus dotes de engenharia, como o lança-teias (ideia fiel aos quadrinhos). Há uma cena no esgoto em que vemos a alta noção estratégica do herói, ao literalmente construir um estratagema para se posicionar perante seu oponente. Esta é uma grande faceta deste filme, Peter Parker age e pensa como uma aranha.
Já o ambiente do jornal nos filmes anteriores foi trocado pelo high school, explorando um pouco melhor a relação de Peter com seus colegas, sem resumi-lo a mais um nerd inocente que apanha no recreio. Ele tem boa índole, mas quando adquire poderes não deixa de exibi-los, por exemplo. A história acaba adquirindo um ar mais real e autêntico, se distanciando do climacoming of age marcado pelo mote “mais poder traz mais responsabilidade”. Até a fantasia vermelha ganha justificativa.
Investindo nos característicos vôos por edifícios, Marc Webb recheia O Espetacular Homem-Aranha de lindas sequências por Nova York. A novidade aqui foi a parcimônia com o CGI, novamente optando pelo real ao fantástico, o que parece ser uma tendência criada por Batman Begins. Se isto é bom ou ruim, depende do gosto do cliente. O uso do 3D não chega a impressionar, mas é marcante uma molecagem na qual o diretor nos “espeta” com o Empire State Building.
Um fator que agregou valor a O Espetacular Homem-Aranha foi o elenco, que parece mais natural e adequado. Andrew Garfield reúne consigo astúcia, charme, certo nível de decência e também inconsequência (eis um Homem-Aranha que não sabemos se tem um plano quando salta de um edifício). Emma Stone, doce e igualmente astuta, brilha como a menina de carreira promissora “mordida” pelo amor. Sally FieldMartin SheenDenis Leary e Rhys Ifanstambém honram seus momentos na tela.
Resolvendo pendências deixadas pelos demais filmes, O Espetacular Homem-Aranha não chega a destroná-los como o melhor exemplar sobre o herói. Mas cumpre seu papel de releitura honestamente e equilibrando bem o respeito ao material original com liberdades criativas.
OBS: A cena surpresa dos créditos aparece cedo, portanto não há necessidade de esperar até o fim.

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