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sábado, 5 de maio de 2012

Fernando Meirelles comenta sobre a pouca bilheteria de "Xingu"


Cineasta lamentou a baixa popularidade do filme, apesar dos sucessos de crítica.

Fernando Meirelles comenta sobre a pouca bilheteria de "Xingu" Clara Gouvêa/Divulgação
Fernando MeirellesFoto: Clara Gouvêa / Divulgação
Naúltima quarta-feira, José Pedro Goulart abordou em sua coluna no Segundo Caderno a baixa bilheteria alcançada pelo filme Xingu, sobretudo no Rio Grande do Sul. E deu a palavra a um dos grandes inconformaados com essa situação: o cineasta Fernando Meirelles, produtor do filme. Meirelles, que desistiu de gravar a adaptação de Grande Sertão: Veredas por pensar que, assim como os índios, os jagunços poderiam não agradar ao grande público. Procurado por ZH, o cineasta deu seu depoimento a respeito do assunto:
"Meu aborrecimento é pelo fato de, além da crítica, o filme ter sido bem recebido por quem assistiu. Xingu ficou em terceiro lugar pelo voto da audiência no festival de Berlim, em sexto entre 100 filmes no festival de Tribecca na semana passada. Tem sido aplaudido sistematicamente depois das sessões em São Paulo e no Rio e no entanto o grande público parece não ter se mobilizado para ir ver. Nos sites onde fala-se sobre o filme, o que mais se lê são coisas do tipo: "Fui assistir arrastado, mas me surpreendi." Não esperávamos este desinteresse pelos índios ou por questões de preservação do patrimônio natural do Brasil.
Diariamente recebemos a bilheteria de cada cinema onde o filme está sendo exibido, é curioso observar que enquanto nos cinemas com tradição de filmes mais autorais ou diferentes, Xingu continua indo muito bem, já nos cinemas mais populares o resultado é muito fraco.
Além de algumas salas em São Paulo e no Rio, Xingu está indo bem no Amazonas e no Pará, também vai bem no Espírito Santo, sabe-se lá por que. No Rio Grande do Sul, porém, o filme fez uma carreira desastrosa um pouco melhor no Iguatemi, mas mesmo assim muito fraco. RS foi o estado que menos se interessou pela história dos Irmãos Villas Boas, seguido por Santa Catarina e Minas Gerais. Isso na verdade não surpreende. Sabemos que quem nasce no Rio Grande do Sul nunca diz que é brasileiro, diz antes que é Gaúcho, vindo de um estado que faz divisa com o Brasil ao norte. Alguns filmes que fazem sucesso por aí nem são percebidos no resto do país e o oposto também é verdade. O fato de vocês serem bastante independentes do país em termos culturais é algo positivo, mas nós, os produtores de cinema, deveríamos ficar mais atentos a isso e, ao lançar nossos filmes, preparar sempre uma campanha de lançamento para o Brasil e uma especial para o Rio Grande do Sul. Sem piada. Tenho certeza que funcionaria melhor se fosse feito assim.
Quanto a mim, em vista deste resultado, coloquei de lado minha intenção de adaptar Grande Sertão:Veredas, como havia planejado fazer no ano que vem. Tenho medo de ninguém estar minimamente interessado em ver jagunços em 2014. O filme certamente seria um desastre no Rio Grande do Sul, ao menos que eu colocasse umas botas de cano alto e umas bombachas no Riobaldo. Está aí uma boa ideia para eu pensar. Viver é muito perigoso."

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